(escrito por Tone Ely em julho de 2009)
Bate à porta outra dor
Abro uma janela para que entre na surdina
No meio da sala de estar tiro a roupa
Espero acontecer,
Espero que aconteça...
“Toc, toc...”
Espero que seja agora
Não, a luz está acesa
Tal nudez requer mistério
Luz apagada
Meu mistério sempre
Choro por causa do silêncio
“Ele acaba, ele acaba, ele acaba”
Me consolo com o eco desta voz,
Não suporto;
“Queria querer”
Querer mais que antes
Penumbro então a sala com uma vela...
“Tinha sumido?”,
Estou aqui
Me escondendo, seduzindo,
Reprimindo, liberando,
Só me faça querer
“Me faça dinovo!”
“Me dê na cara...
Ande! Me dê na cara logo!
Eu gosto...”
O bem desejável enforcar
“Mas de surpresa tá?”
Quando estiver com raiva,
Com toda ela nas mãos,
“Faça o que você tem que fazer!”
E quando já sem vida...
For defunto sobre seu corpo...
É porque a vela acabou
Tudo aquilo era só um gozo
A janela não notada sofreu o desgosto;
A coisa toda veio porta adentro
Junto comigo
O eu permissivo
E passei a ser todas as facetas de mim
Mesmo que sem paciência com elas
Sem paciência alguma
Pela manhã
Retiro-me pela tal janela em fuga
Para deixar de ser tudo aquilo
A consciência de que nada daquilo tinha acontecido
E nada além
O dia é nublado aqui fora
Quente e nublado
Caminhar me faz muito bem
Correr, correr,
Estar em todos os lugares em que devo estar
Participar do mundo...
Estar nele
Até que anoiteça.
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